Esta semana, a fundadora da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, Ivaneide Bandeira (mais conhecida como Neidinha), utilizou as redes sociais para denunciar invasão de grileiros dentro da Terra Indígena (TI) Uru-Eu-Wau-Wau em Rondônia.
Segundo a ativista ambiental, a terra que é alvo frequente de crimes ambientais, está enfrentando um aumento nas invasões. A ação alvo de denúncia ocorreu na região de Governador Jorge Teixeira (RO).
Ainda de acordo com a denunciante, os invasores estão muito próximos das regiões onde vivem os indígenas, causando risco de conflito. Dentro da TI Uru-Eu-Wau-Wau vivem cerca de nove povos indígenas, sendo que a maioria são isolados (aqueles que optaram por viver em sem contato com a sociedade em geral).
Neidinha relata que os invasores já ameaçavam entrar na área há um tempo e que não é a primeira vez que eles invadem a TI ou outras áreas protegidas. Nas redes sociais, a ativista pede ajuda da Força Nacional para retirada dos invasores.
Mudança das florestas em volta da TI Uru-eu-wau-wau, entre 1984 e 2020 — Foto: Google Earth/Reprodução
Neidinha afirma que acionou diversos órgãos em busca de apoio para retirada dos invasores, entre eles: Ministério Público Federal (MPF), Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Na quarta-feira (24), Neidinha esteve no Ministério dos Povos Indígenas (MPI), em Brasília, e conversou com a ministra Sônia Guajajara sobre as invasões à TI Uru-Eu-Wau-Wau. A ministra utilizou as redes sociais para comentar sobre a reunião e informar que a equipe técnica do ministério apresentou o plano de desintrusão previsto para 2024, que tem a TI Uru-Eu-Wau-Wau como uma das prioridades para a retirada de invasores não indígenas.
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A Jupaú, Associação do Povo Indígena Uru-Eu-Wau-Wau, também acompanha o caso.
Ao g1, a Funai informou que tem acompanhado de perto a situação da terra indígena e que há preocupação com as invasões recorrentes da área. Após o recebimento da denúncia, o órgão disse que se deslocou até o local para verificar a situação e que tem intensificado reforços para a proteção territorial. (Confira a nota na íntegra no final da matéria).
O governo de Rondônia foi questionado sobre o acompanhamento das invasões e a solicitação de apoio da Força Nacional. Em nota, disse que acompanha todas as ações que são desenvolvidas pelo Ministério da Justiça no estado, mas que não pode passar mais informações pois o tema é de competência exclusiva do governo federal. Sobre a Força Nacional, informou que a competência também é do governo federal.
O g1 entrou em contato com os demais órgãos citados, além da Polícia Federal, mas não obteve retorno até a última atualização desta matéria.
Nota da Funai:
“A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) tem acompanhado de perto a situação na Terra Indígena Uru Eu Wau Wau, junto à Coordenação Regional de Ji-Paraná-RO. Há preocupação em relação aos reiterados casos de invasões por grileiros de terras, acentuadamente na parte Norte desta Terra Indígena.
Na área, há presença de povos indígenas isolados, ressaltando a importância da atuação da Funai por meio da Frente de Proteção Etnoambiental Uru Eu Wau Wau na região. A Frente de Proteção desempenha um papel fundamental na preservação e defesa dessas comunidades, operando a partir de duas bases, Bananeiras e Cautário, situadas predominantemente no lado Sul da Terra Indígena, onde existem referências de povos isolados.
A Funai recebeu a denúncia e prontamente se deslocou até o local para averiguar a denúncia a respeito de grileiros com a intenção de invadir a Terra Indígena Uru Eu Wau Wau. Após a constatação da denúncia, a Funai tem intensificado esforços, por meio da Diretoria de Proteção Territorial, para realizar ações de proteção territorial na área a fim de combater possíveis invasões e garantir o usufruto exclusivo do território aos povos indígenas.”
Fonte: G1/RO